quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Surf Cósmico - AlmaSurf de 10 anos


A seqüência da evolução do Surf

Uma década é sempre um marco histórico. Nelas ficam marcadas as evoluções e tendências, sejam estas culturais, tecnológicas, da moda ou do surf. Sempre existem os acontecimentos e as evoluções que marcaram uma determinada década.

No surf, se viajarmos no tempo para a década de 60, observaremos a época hippie, numa época de negação a guerra do Vietnam. O esporte surf era algo alternativo e perfeito para esta época de negação ao sistema As pranchas eram então longboards e mono quilhas, vindas da década dos pioneiros anos 50. O foco era o soul surf, a paz, a onda perfeita e existiam pouquíssimos campeonatos [todos amadores]. Os campeonatos mundiais aconteciam de dois em dois anos e no de 1968, uma revolução no modelo das pranchas foi estabelecida com o australiano Nat Young, que usou na competição uma prancha bem menor [metade do tamanho do longboard] e venceu com um surf muito mais agressivo e com manobras diferentes.

Virando a década de 70, a era hippie ainda continuava e o surf fazia parte da cultura rebelde, que dizia não a guerra, sim a paz e ao amor. Os surfistas eram cabeludos e uma classe alternativa, que alguns usavam as drogas do momento: maconha e LSD. A principal cenário do surf era o North shore no Hawaii, considerado a Meca. Era ali o principal foco e arena do surf, aonde os melhores campeonatos aconteciam. Era aonde o termômetro da reputação era medido e o foco principal das revistas especializadas Surfer e Surfing .Em 1976 é criada a IPS e nasce o primeiro circuito mundial.A IPS [International Professional Surfers] foi a Associação precursora da atual ASP[Association Surfing Professionals], fundada pelos havaianos Fred Hemmings e Randy Rarick. Ela tinha 7 etapas e o Brasil fez parte com a etapa do Arpoador,Rio de Janeiro-Waimea 5000 As pranchas dominantes eram as mono quilhas mini-models [hot dog, semigun e guns], as fishes. Morre em 1978 o havaiano e grande surfista salva vidas Eddie Aikau, com 28 anos, tentando salvar a tripulação de um barco que estava a deriva. No final da década surge a bi quilha para as ondas pequenas, usada pelo surfista Mark Richards, que domina o esporte por 4 anos seguidos [1979-1982], tornando-se tetra campeão mundial do IPS.

No início dos anos oitenta, a biquilha foi a principal prancha usada para ondas pequenas. A monoquiha ainda era usada nas guns e principalmente para as ondas do Hawaii. A maior mudança na configuração das quilhas apareceu com Simon Anderson em 1981, com o sistema triquilha ou thruster. Esta configuração está sendo usado em unanimidade até hoje, 30 anos depois.Em 1983 a ASP é fundada pelo australiano Ian Cainrs e substitui a IPS, para dar continuidade ao circuito mundial. No meio da década de 80, Ricardo Bocão inventa a quadriquilha . Nesta época, em 1985 no Hawaii, acontece o primeiro campeonato especial de onda grande, o Eddie Aikau. Começa também o boom da surfwear no mundo. O nível da premiação e o número das competições profissionais aumentam consideravelmente . O nível do surf evolui e as ondas começam a serem surfadas em outra linha, sendo executados os primeiros aéreos, os floaters e posteriormente o tailslide.

Na década de 90 o surf é consolidado mundialmente. O número de competidores aumenta consideravelmente, obrigando circuito mundial ASP a se dividir em primeira e segunda divisão [WCT e WQS]. Aumentam também os países sede de eventos e diversificam-se as nacionalidades dos competidores. A quantidade de campeonatos dispara pelo mundo. Nessa década, aparece o fenômeno Kelly Slater, que vence o seu primeiro titulo mundial em 1992 e que dita o rumo do surf por duas décadas seguidas, criando e inovando as manobras. O surf da primeira divisão é valorizado na qualidade de ondas, dando mais tempo para acontecer[janela de espera] e vai para lugares com altas ondas, como Tavarua, Gradjagan, Jeffrey´s Bay, ilhas Reunião e outros. O surf de Tow-in é inventado no final da década de 90.Ele evolui e ondas gigantes humanamente impossíveis de remar, começam a ser surfadas. A tecnologia da internet disponibiliza as previsões do swell para os surfistas e facilita o surf de onda grande, além de ajudar os organizadores dos campeonatos. O surf de onda grande tem seu primeiro campeão mundial de remada, o brasileiro Carlos Burle em 1998 na ilha de Todos Santos, na Baja California.

Na década de 2000, no novo milênio, o surf profissional da ASP altera o critério de julgamento, valorizando o powersurf, surf de manobras com pressão. Os aéreos começam a fazer parte do repertório nas competições e nascem as suas diversas variações. As transmissões online dos campeonatos começam logo no inicio da década, passando apenas as notas no inicio. Depois começam a ser transmitidas as imagens,bem distorcida e lenta no inicio. Isso vai se sofisticando a cada ano e evolui rápido, revolucionando a audiência mundial das performances. A premiação começa a melhorar significativamente e as empresas de surfwear se tornam globais e corporativas.

Em 2010, o surf caminha para mais uma década de evolução. O fenômeno Kelly Slater ainda está vivo. Neste ano foi conquistado o décimo titulo mundial do Slater, no auge da forma aos 38 anos, numa semana, que por ironia do destino, o surf perdeu o havaiano tri-campeão mundial e arqui-rival do Slater: Andy Irons. Uma coisa é certa, neste período de transição, com a consolidação da supremacia do Slater e seus dez títulos mundiais e a perda definitiva do A.I, um competidor de alto calibre, o caminho deve se abrir para novos campeões. Uma geração nova está chegando e as manobras aéreas diversificadas e futurísticas hoje fazem parte do repertório e são valorizadas pelo critério. Eu não me atrevo a dizer aonde o surf irá chegar até 2020 e além... As competições que elevam o nível técnico do esporte sempre vão continuar e a estória vai naturalmente acontecendo e enriquecendo o conteúdo do surf.

O projeto Almasurf, que nasceu nesta primeira década do novo milênio com a proposta do resgate da essência do surf, foi idealizada pelo visionário Romeu Andreatta. A revista surgiu para registrar e retratar toda essa estória e mais, as raízes. Foi percebida a necessidade de começar o segmento Alma, da estória, do conteúdo, do início, da raiz, da arte, da musica e da cultura do nosso querido e amado esporte dos reis, que se desenvolveu e se consolidou nesta data de aniversário de 10 anos de existência. Estamos comemorando uma década de existência de um segmento líder e único definido como Almasurf. Eu particularmente embarquei na onda deste visionário, o Romeu Andreatta, que era um surfista de alma ´alternativo-freak´ dos anos 70, que junto com seus parceiros Bruno Alves, Fernando Mesquita, Claudio Martins e alguns outros, que faziam viagens e expedições de surf, na época pioneira e rebelde, idealizou, fundou e presidiu em 1983 a Revista Fluir, que é a líder do segmento competição ate hoje. Parabéns ao Romeu e para toda a equipe, pelos 10 anos de Alma e pelo resgate e preservação da história do nosso esporte!

Aloha Taiu

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