quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mostra Cultural Almasurf 2011



Na já tradicional mostra cultural Almasurf de 2011, mais uma vez a nobreza do esporte surf foi exaltada.
A cultura do esporte é celebrada na forma de expressão da arte nas pinturas de pranchas, quadros, fotografias, shapes e designs de modelos de pranchas, assim como a musica e os filmes, que fazem parte do “mix”que compõem essa reunião anual. A mostra cultural acontece na capital paulista e atrai milhares de adeptos e fãs do esporte dos reis.
Algumas marcas de surf também fazem parte da composição do evento, já que a criatividade e a evolução dos produtos das marcas também podem ser consideradas “artísticas”.
A estrutura deste ano chamou a atenção por ter sido montada com “ pallets” de madeira, que são peças simples, mas que quando empilhadas da forma que foi, para dividir a mostra, deixou o visual diferenciado, ecológico, elegante e moderno.
Nestes dias de celebração, confraternização e de atualização da cultura do surf na cidade de São Paulo, também visitam a Bienal celebridades do esporte e gente famosa.
Passeavam por ali caras como o bigrider baiano Danilo Couto, que este ano venceu o Billabong XXL, na categoria principal “ Ride of the Year”, feito que eleva muito o respeito da comunidade internacional para com o surf brasileiro .
Também passeavam pela mostra os bigriders paulistas Haroldo Ambrósio e Jorge Pacelli, o Shaper e musico Neco Carbone, o havaiano e bi-campeão do Pipemasters Rory Russell, caras como Rosaldo Cavacanti, Tico, Rico de Souza, o shaper Biro e o próprio realizador do evento Romeu Andreatta, alem dos músicos como Donovan, Pete Murray,Mat McHugh e Claudio Celso. Também já visitaram a mostra em outros anos: Maya Gabeira, Carlos Burle, Eraldo Gueiros, Peter Townend e outros famosos do surf mundial.
Um dos “highlights” da mostra este foi a exibição do novo filme do legendário Jack Mc Coy “Deep shade of blue”, que resgata cenas dos anos 60 e é um filme que vale a pena assistir para acompanhar como foi a evolução e os principais momentos do esporte.
Também estava presente o TARPSURF, que é um tubo artificial de lona, em que a galera podia entubar de skate.
Além da cultura resgatada na Mostra, a parte social e a oportunidade de passear num ambiente surf na capital paulista, com diversas atrações e coisas interessantes para se ver, é que fazem deste evento o “acontecimento” anual do surf em São Paulo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Surf Cósmico - AlmaSurf de 10 anos


A seqüência da evolução do Surf

Uma década é sempre um marco histórico. Nelas ficam marcadas as evoluções e tendências, sejam estas culturais, tecnológicas, da moda ou do surf. Sempre existem os acontecimentos e as evoluções que marcaram uma determinada década.

No surf, se viajarmos no tempo para a década de 60, observaremos a época hippie, numa época de negação a guerra do Vietnam. O esporte surf era algo alternativo e perfeito para esta época de negação ao sistema As pranchas eram então longboards e mono quilhas, vindas da década dos pioneiros anos 50. O foco era o soul surf, a paz, a onda perfeita e existiam pouquíssimos campeonatos [todos amadores]. Os campeonatos mundiais aconteciam de dois em dois anos e no de 1968, uma revolução no modelo das pranchas foi estabelecida com o australiano Nat Young, que usou na competição uma prancha bem menor [metade do tamanho do longboard] e venceu com um surf muito mais agressivo e com manobras diferentes.

Virando a década de 70, a era hippie ainda continuava e o surf fazia parte da cultura rebelde, que dizia não a guerra, sim a paz e ao amor. Os surfistas eram cabeludos e uma classe alternativa, que alguns usavam as drogas do momento: maconha e LSD. A principal cenário do surf era o North shore no Hawaii, considerado a Meca. Era ali o principal foco e arena do surf, aonde os melhores campeonatos aconteciam. Era aonde o termômetro da reputação era medido e o foco principal das revistas especializadas Surfer e Surfing .Em 1976 é criada a IPS e nasce o primeiro circuito mundial.A IPS [International Professional Surfers] foi a Associação precursora da atual ASP[Association Surfing Professionals], fundada pelos havaianos Fred Hemmings e Randy Rarick. Ela tinha 7 etapas e o Brasil fez parte com a etapa do Arpoador,Rio de Janeiro-Waimea 5000 As pranchas dominantes eram as mono quilhas mini-models [hot dog, semigun e guns], as fishes. Morre em 1978 o havaiano e grande surfista salva vidas Eddie Aikau, com 28 anos, tentando salvar a tripulação de um barco que estava a deriva. No final da década surge a bi quilha para as ondas pequenas, usada pelo surfista Mark Richards, que domina o esporte por 4 anos seguidos [1979-1982], tornando-se tetra campeão mundial do IPS.

No início dos anos oitenta, a biquilha foi a principal prancha usada para ondas pequenas. A monoquiha ainda era usada nas guns e principalmente para as ondas do Hawaii. A maior mudança na configuração das quilhas apareceu com Simon Anderson em 1981, com o sistema triquilha ou thruster. Esta configuração está sendo usado em unanimidade até hoje, 30 anos depois.Em 1983 a ASP é fundada pelo australiano Ian Cainrs e substitui a IPS, para dar continuidade ao circuito mundial. No meio da década de 80, Ricardo Bocão inventa a quadriquilha . Nesta época, em 1985 no Hawaii, acontece o primeiro campeonato especial de onda grande, o Eddie Aikau. Começa também o boom da surfwear no mundo. O nível da premiação e o número das competições profissionais aumentam consideravelmente . O nível do surf evolui e as ondas começam a serem surfadas em outra linha, sendo executados os primeiros aéreos, os floaters e posteriormente o tailslide.

Na década de 90 o surf é consolidado mundialmente. O número de competidores aumenta consideravelmente, obrigando circuito mundial ASP a se dividir em primeira e segunda divisão [WCT e WQS]. Aumentam também os países sede de eventos e diversificam-se as nacionalidades dos competidores. A quantidade de campeonatos dispara pelo mundo. Nessa década, aparece o fenômeno Kelly Slater, que vence o seu primeiro titulo mundial em 1992 e que dita o rumo do surf por duas décadas seguidas, criando e inovando as manobras. O surf da primeira divisão é valorizado na qualidade de ondas, dando mais tempo para acontecer[janela de espera] e vai para lugares com altas ondas, como Tavarua, Gradjagan, Jeffrey´s Bay, ilhas Reunião e outros. O surf de Tow-in é inventado no final da década de 90.Ele evolui e ondas gigantes humanamente impossíveis de remar, começam a ser surfadas. A tecnologia da internet disponibiliza as previsões do swell para os surfistas e facilita o surf de onda grande, além de ajudar os organizadores dos campeonatos. O surf de onda grande tem seu primeiro campeão mundial de remada, o brasileiro Carlos Burle em 1998 na ilha de Todos Santos, na Baja California.

Na década de 2000, no novo milênio, o surf profissional da ASP altera o critério de julgamento, valorizando o powersurf, surf de manobras com pressão. Os aéreos começam a fazer parte do repertório nas competições e nascem as suas diversas variações. As transmissões online dos campeonatos começam logo no inicio da década, passando apenas as notas no inicio. Depois começam a ser transmitidas as imagens,bem distorcida e lenta no inicio. Isso vai se sofisticando a cada ano e evolui rápido, revolucionando a audiência mundial das performances. A premiação começa a melhorar significativamente e as empresas de surfwear se tornam globais e corporativas.

Em 2010, o surf caminha para mais uma década de evolução. O fenômeno Kelly Slater ainda está vivo. Neste ano foi conquistado o décimo titulo mundial do Slater, no auge da forma aos 38 anos, numa semana, que por ironia do destino, o surf perdeu o havaiano tri-campeão mundial e arqui-rival do Slater: Andy Irons. Uma coisa é certa, neste período de transição, com a consolidação da supremacia do Slater e seus dez títulos mundiais e a perda definitiva do A.I, um competidor de alto calibre, o caminho deve se abrir para novos campeões. Uma geração nova está chegando e as manobras aéreas diversificadas e futurísticas hoje fazem parte do repertório e são valorizadas pelo critério. Eu não me atrevo a dizer aonde o surf irá chegar até 2020 e além... As competições que elevam o nível técnico do esporte sempre vão continuar e a estória vai naturalmente acontecendo e enriquecendo o conteúdo do surf.

O projeto Almasurf, que nasceu nesta primeira década do novo milênio com a proposta do resgate da essência do surf, foi idealizada pelo visionário Romeu Andreatta. A revista surgiu para registrar e retratar toda essa estória e mais, as raízes. Foi percebida a necessidade de começar o segmento Alma, da estória, do conteúdo, do início, da raiz, da arte, da musica e da cultura do nosso querido e amado esporte dos reis, que se desenvolveu e se consolidou nesta data de aniversário de 10 anos de existência. Estamos comemorando uma década de existência de um segmento líder e único definido como Almasurf. Eu particularmente embarquei na onda deste visionário, o Romeu Andreatta, que era um surfista de alma ´alternativo-freak´ dos anos 70, que junto com seus parceiros Bruno Alves, Fernando Mesquita, Claudio Martins e alguns outros, que faziam viagens e expedições de surf, na época pioneira e rebelde, idealizou, fundou e presidiu em 1983 a Revista Fluir, que é a líder do segmento competição ate hoje. Parabéns ao Romeu e para toda a equipe, pelos 10 anos de Alma e pelo resgate e preservação da história do nosso esporte!

Aloha Taiu

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Adeus a Philippe Castejá



O Céu recebe um sorriso!
Quando soube do falecimento de Phiippe Castejá fiquei surpreso, triste e chocado!
Antes de tudo, para quem nunca ouviu falar dele, o Philippe é o retrato do carioca ´amarradão´, dono de um surf veloz e de uma ´estileira´ incrível, dentro ou fora d´agua.
Bem nas antigas, quando fui até Buzios em 1977, vi esse garotão, que era muito bom surfando. Eu fiquei impressionado com ele nas águas de Geribá. Eu naquela época estava começando a surfar e estava como um paulista aprendiz, com meu amigo Renato Moura, no Rio de Janeiro.
Numa época que havia glamour nas poucas competições que existiam, na época ´dourada´ dos Waimea 5000 no Arpoador, foi quando eu o conhecí. Talvez essas foram as poucas vezes que eu o vi participando de baterias.
Apesar dele ser um dos melhores surfistas daquela época, ele não deixou ´contaminar´ o seu surf pelas competições.
Ele surfava muito! De backside era veloz e com os braços abertos, parecia que iria decolar.
Muito além disso. ele era um cara ´vibrante´. Ele sempre estava com um sorriso no rosto e ´pilhado´. Um sorriso que não saída minha memória! Depois disso, encontrei-o ocasionalmente, talvez na Barra durante os campeonatos Alternativas ou na Europa, onde acho que ele morou por algum tempo.
Eu fiquei surpreso com esta notícia violenta. Eu acredito que por ele e todos nós sermos surfista, temos uma saúde física privilegiada e uma alegria interior diferente. Teoricamente deveríamos ter uma longevidade maior e mais saudável do que as pessoas ´ normais´. Isso foi contra a minha teoria...
Chocado, porque o Philippe é outro amigo que se vai de repente. Um choque deste nos faz pensar, repensar e refletir sobre os valores, o significado e a rapidez que existe na nossa existência.
Fiquei triste porque, apesar de não encontrá-lo freqüentemente, eu tenho uma lembrança marcante e sempre vou guardar uma imagem dele como uma pessoa muito querida, de astral altamente positivo e que, mesmo o tendo encontrado poucas vezes na vida, eu não consigo esquecer a sua boa vibe
Fico mais triste ainda pelas pessoas mais próximas ,neste momento de dor, porque se para mim que estou a distância me faz sofrer, uma perda prematura destas, para os seus queridos e que conviviam com ele e estavam ao seu lado, exige muita força e compreensão de tudo isso!
Por fim, para nos consolarmos, basta imaginar essa ´figura´ alegre e carismática chegando no céu.
- Deus o chamou!
Talvez o céu estivesse precisando do seu sorriso ou aqui na terra, o mundo não merecesse mais a sua alegria...
Voa Philippe, voa com o seu estilo único, porque Jesus e os anjos vão ficar feliz com a tua presença!